Não atendo

Foto: Priscilla Du Preez

Entre 40 e 60 chamadas! Essa foi a quantidade de ligações recebidas por mim nos três primeiros dias após mudar de operadora. Claro! Não eram todas da minha ex-companhia telefônica, mas no cômputo geral era o resultado do telemarketing desenfreado juntamente com o desespero de resgatar uma ex-cliente.

Após não obterem nenhuma resposta da minha parte, passaram para o plano mensagens jamais ouvidas. Como mudei para um plano familiar, além de mim, meu filho e marido migraram também para a nova operadora. Isso significa que toda a família foi bombardeada com as insistentes tentativas de contato.

 Se antes já era difícil lidar com as constantes chamadas de telemarketing, naquela situação foi quase obrigatório buscarmos uma solução. Foi quando instalamos um aplicativo, o qual identifica as chamadas e avisa em caso de suspeita de spam ou golpe. Não seria o paraíso, mas agora ficaria mais plausível não atender ou desligar, sabendo que não seria uma ligação relevante.

Antes disso, quando o telefone não identificava o spam, atendíamos algumas vezes e ficávamos em silêncio: o resultado era que sempre desligavam rapidamente. Hoje, curioso, meu marido resolveu atender uma ou outra chamada e viu que agora eles colocam uma gravação para tentar vender um produto. Mudaram a tática em relação àqueles que nada falavam, como nós. O fato é que calejados não atendemos mais e ponto final. Para não passar o dia sendo acionada por um toque, já deixo o celular no silencioso e assim vou colecionando registros de números, cujo bloqueio é inútil, visto que as máquinas possuem recursos para utilizar outros não bloqueados por nós.

É como uma roda-viva; não tem fim. Mesmo usando mecanismos que barram algumas origens, muitas outras passam e conseguem alvejar os despreparados. Fico imaginando a quantidade de pessoas atingidas pelos golpes. Idosos são os alvos preferidos. Creio que dentre os milhares abordados, muitos caem nas armações tecnológicas desses especialistas em ludibriar pelas vias telefônicas.

Já não faço mais ideia de quantos parentes e amigos receberam ligações de falsários se passando por bancos ou cartões de crédito, além das simulações de sequestro de algum ente próximo. E posso me incluir nessa lista. Sempre que isso acontece, não consigo evitar pensar que todo o trabalho e energia desses estelionatários poderiam ser utilizados em algo positivo para eles e para a sociedade. Eles desperdiçam inteligência e tempo em algo que um dia será a bancarrota deles. Esse dia sempre chega e cobra a conta. Enquanto isso, nós é que pagamos e nos desgastamos para nos defender ou reparar o mal-feito desse submundo. Dito isso, não sei ainda quem irá nos salvar, mas deixo aqui o meu desabafo e a indicação do uso de aplicativos de alerta de ligações suspeitas.


07/09/2024