Estranhos direitos

Foto: Joe Yates 
Nunca pensei que viveria um tempo onde assistiria a um retrocesso moral tão grande, quando a humanidade já deveria estar seguindo em frente e se tornando cada vez mais civilizada, conforme a lógica simples de aprender com os erros do passado. Muitos deles ocorreram há pouco tempo, a ponto de ainda existirem pessoas vivas para relatá-los.

É espantoso como, em meio a um avanço tecnológico sem precedentes, os homens iniciam um processo de busca por direitos no mínimo bizarros. Hoje, se veem pessoas lutando pelo direito de exercerem o seu preconceito, de defenderem partidos que promovem a morte, fazendo questão de mostrar o seu lado mau, sem pudor, até porque possivelmente não o têm.

Fico me perguntando como se pode defender o direito de não aceitar o outro, quando o outro não escolhe, por exemplo, de que cor vai nascer e nem pode mudar isso. Como é que a pessoa não se coloca no lugar alheio e não pensa “e se fosse eu que estivesse do outro lado”? Para os que acreditam numa outra vida, é certo que essas pessoas voltarão e, exatamente, na pele daqueles em quem um dia pisaram, que maltrataram, ignoraram ou coisas do gênero.

No entanto, isso não resolve o problema mundano de termos de assistir a esse tipo de comportamento egoísta, frio, doentio, sem nenhuma empatia. Então, o que nos traz esperança é que da mesma forma que existem esses indivíduos disformes, sem humanidade, existem aqueles que os combatem, que tentam abafar essas vozes, as quais, provavelmente, são uma minoria barulhenta, porque quem não tem razão grita para ser ouvido.

Às vezes, fico angustiada vendo a maldade ser defendida em todas as partes do mundo e também em meu país. Entretanto, vale lembrar que essas pessoas não nos representam, nem são o símbolo da raça humana, mas uma degradação ou distorção dela. Então, a cada ser que abre a boca defendendo uma guerra, somos e sejamos centenas dizendo NÃO. A cada novo fascista que defende o racismo e a segregação, sejamos milhares a dizer NÃO. E não importa se o mundo, de vez em quando, gira ao contrário, porque existirão sempre os que o colocarão novamente no rumo certo e me orgulho de estar entre esses.

09/04/2022