Precisa-se de um líder

 

Essa coisa de liderar como se diz comumente, tem que ser um talento nato. É preciso ter o dom da oratória para atrair e guiar outras mentes, é necessário saber dizer as coisas certas, aquilo que as pessoas querem ouvir e apesar de um pouco assustador é o que os líderes fazem, isso pode ser bom e pode ser usado para o mal. Afinal como a maioria das coisas na vida, existem dois lados da mesma questão.

Outro dia um colega me contou sobre um político que disse exatamente isso, “falamos o que as pessoas querem ouvir”, fiquei bastante chocada com essa revelação e passei muito tempo digerindo essa informação. Mas, por mais estranho que pareça ser, se alguém tem boas intenções ela vai falar coisas que são o que esperamos de quem tem intenções positivas, coisas que trarão esperança para quem anseia por dias melhores. O grande problema é saber se aquelas palavras são verdadeiras ou apenas lorotas para iludir os que necessitam de alguém que guie suas vidas para algo melhor do que é a sua realidade, crer nisso nos faz seguidores e líderes são criados. Isso desde o nosso tempo de estudantes, quando elegemos um representante de turma até a eleição de um Presidente, que é o líder maior de nosso país, pois ele irá nos representar e guiar os destinos de toda uma nação.

Mas como temos vivido tempos estranhos e sombrios, aqueles que eram nossos antigos líderes parece que se apagaram, ofuscados pelas novas ondas ideológicas sem substância, e hoje estamos a espera de novos personagens que possam ser chamados de líderes. Neste momento as pessoas estão sendo direcionadas a ocuparem postos de liderança não porque elas têm a capacidade de liderar, mas por serem manipuladas por outros que possuem interesses particulares, ao invés de coletivos.

O resultado de todo esse cenário é que estamos órfãos, porque se um líder começa a despontar, não existe uma base que possa sustentá-lo, não existe um conjunto respaldado pela ética e pelo interesse do bem comum que possa assegurar uma fala de justiça ou igualdade, apesar de muito se falar a respeito. Afinal são sentimentos pulverizados mundo afora, mas não é uma unanimidade suficiente para nutrir um líder forte e verdadeiro.

Temos muito que evoluir e num espaço de tempo muito pequeno em relação a nossa história, demos muitos passos para trás, a ponto de permitirmos que o nosso líder e representante seja um fraco que foi levado ao cargo para atender os interesses de quem o patrocinou, e se não tivemos maturidade para enxergar um fato tão evidente, é porque estamos carentes não só de um líder, mas de valores, brio, respeito pelo outro oprimido e preterido por esses tipos que se unem para a exploração dos mais fracos, não somente em termos financeiros e de direitos, mas também mentalmente fracos, um povo fácil de ser manipulado e enganado. O resultado de tudo isso são indignações diárias: preconceitos, indiferenças e violências exacerbadas por falta dos bons valores individuais.

Lembro que lá trás quando estudei uma matéria denominada Organização Social e Política Brasileira (OSPB), onde estudávamos os problemas do Brasil, comecei a ter um sentimento e uma visão forte de que o Brasil era um trem desgovernado. Hoje a visão que tenho é de que o próprio povo está desorientado, como zumbis. E a essa altura, a necessidade de um líder se faz mais do que indispensável, faz-se uma obrigação, um caminho para readquirir um pouco de respeito perdido no momento em que entregamos o posto mais alto do país a alguém sem um mínimo de competência, respeito ao cargo que ocupa, caráter ou humanidade.

07/02/2021