Limitando o outro

 

Foto: Ifrah Akhter

 

Uma das características degradantes do ser humano é a capacidade de limitar o outro para satisfazer suas próprias necessidades, caprichos, desejos ou o instinto controlador. Isto se aplica, principalmente, aos homens em relação às mulheres. Desde que o mundo é mundo, pessoas se consideram superiores, impondo normas e comportamentos, os quais nada acrescentam à vida.

Muitas regiões do planeta, por meio de crenças religiosas, por exemplo, ditam vestimentas e comportamentos, especialmente para as mulheres, com o intuito de atender a regras criadas e mantidas por homens. Estes pouco se importam se os seres subjugados sofrem com isso ou têm suas vidas podadas. Assistindo às competições nas Olimpíadas passadas, fiquei imaginando quantas mulheres são impedidas de participar de vários esportes, pois não poderiam mostrar as formas de seus corpos. Então como teriam liberdade de movimentos com um monte de panos em cima delas?

É muito fácil impor comportamentos para o outro cumprir. Da mesma forma, traçar caminhos para um terceiro seguir, como escolher cônjuges e articular casamentos, são, igualmente, maléficos. Muitas vezes, a vítima até incentiva práticas sofridas por ela mesma, fato comum em mulheres que absorvem culturas machistas impostas. Mães ou sogras, por vezes, até ajudam a perpetuar antigos costumes limitantes, fazendo outras gerações pagarem por terem de viver sob antigas práticas, as quais não se encaixam em um mundo evoluído. Em muitos lugares, ainda se vive como na Idade Média, consequentemente, os conflitos entre os seus iguais ou com outros países não cessam.

As ditaduras são o maior exemplo de imposição de comportamentos, criados por seres humanos ou sistemas, para exercício do controle. É difícil compreender como podemos existir na terra, há milhares de anos, e sermos tão involuídos. Quanto mais a tecnologia se desenvolve, parece que o ser humano vai na contramão desse desenvolvimento. Acaba se utilizando do crescimento da inteligência para controlar ainda mais o outro.

É mesmo lamentável estarmos, aparentemente, inclinados a escravizar o espírito e o corpo uns dos outros. Afinal, mesmo nos países mais evoluídos, encontramos mentes retrógradas entregues ao instinto de superioridade e, principalmente, ao machismo. Fatores estes os quais são limitadores comuns e, ainda, cultivados por muitos. A esperança, entretanto, por um cenário mais positivo, apesar de toda essa realidade, é que felizmente, existem oásis evolutivos onde vive o respeito às simples liberdades básicas e moram os que resistem. Mas é preciso manter a  vigilância porque os controladores não dormem.  A história mostra que eles estão sempre à espera de uma oportunidade para se insurgirem. Então a luta pelas pequenas e grandes liberdades não cessa, afinal ninguém quer carregar os pesos das amarras desnecessárias. Sigamos de olhos abertos!

04/11/2023