Eternamente Lua


https://www.greenme.com.br

Eras e eras podem passar, mas para nós ela sempre esteve e estará lá para que possamos admirá-la, cantá-la das mais diversas formas e nas mais diversas línguas. Por mais que seja um lugar-comum falar dela ou se inspirar nela, não podemos conter a nossa eterna atração por este quase planeta, que gira em torno do nosso. É como se no fundo desconfiássemos que ela faz parte de nós. Mas como assim? 

Penso que a influência que recebemos deste pequeno astro é um sinal do quanto de fato ele faz parte de nossa existência. A sua força sobre as marés é incontestável, mas acredito que vá bem além, e não somente as águas são afetadas por sua energia, mas também animais, incluindo o homem. Não é à toa que existem histórias de lobos e lobisomens atreladas às fases da lua. Embora alguns não acreditem, presenciei uma experiência por meio da minha avó, que muitas e muitas vezes sabia as fases da lua através das suas dores. Cansei de ouvi-la dizer que sabia que era lua minguante, por causa de uma dor que a acometia nesta fase, e ela não costumava errar. Além disso, são bem comuns os relatos de situações de mudança de comportamento em pessoas com transtornos mentais em razão da mudança de fase da lua. É realmente um mistério, para os mais céticos, esses cenários.

Mas, deixando de lado a visão magnética deste nosso satélite natural, um dos significados mais interessantes desse astro é o do romance. Ah, se a Lua falasse! Sempre me lembro com muito humor dos tempos de adolescência, quando íamos veranear na praia, e a mãe de uma amiga minha sempre dizia, quando íamos passear na praça da cidade, à noite: “Nada de ver a lua!”. Embora parecesse inocente, havia uma recomendação das brabas por trás dessa afirmação, que traduzindo queria dizer “nada de arrumar paquera e ir para a praia no escurinho, com a desculpa de ir ver a lua”. Afinal, inevitavelmente, lá estariam os casais, se a presença da lua assim o permitisse, e assim foi e sempre será. Seus efeitos podem ser tão apaixonantes, que me fez lembrar outro fato marcante: um show do saudoso MPB4, ao qual fui assistir. Para começar, eles entraram tocando exatamente a música “A Lua”, com um arranjo tão empolgante e penetrante, que nos fez sentir toda a carga de inspiração que motivou essa composição. Se eles queriam despertar as sensações mais envolventes e nos fazer guardar na memória e no coração a energia e o poder desse astro com aquela interpretação, decerto conseguiram. 

Mas tudo isso foi só para descrever um luar que testemunhei em um dia um tanto comum, quando retornava para casa. Fiquei tão impressionada com a beleza da lua cheia, que tentei compreender o que havia de diferente naquele dia. O céu parecia mais limpo, o reflexo nas águas do mar parecia mais prateado e desenhado com tanta perfeição, que mais parecia uma pintura. Talvez fossem meus olhos, ou talvez ela estivesse realmente mais encantadora, não cheguei a uma explicação. É provável que tenha sido apenas o inexplicável e o eterno fascínio que ela exerce sobre o nosso imaginário, quando “brota” do horizonte garbosa, iluminada por completo e cheia de magnetismo.


31/03/2019